quinta-feira, 12 de julho de 2012

Canções de Apartamento

Voltou Tudo.

Eu tô com um post pronto desde junho, e iria colocá-lo aqui essa semana.

Mas depois de, no apartamento da Hannah, ouvir na falecida MTV a pequena pérola indie “Tempo de Pipa”, do elogiadíssimo “Canções de Apartamento” do carioca Cicero, não deu pra postar outra coisa.

Sabe aquele estalo que te dá, aquela sensação de agonia, que te diz que você precisa parar e ouvir determinado cd? Foi exatamente o que aconteceu. Ao chegar em casa corri pra baixá-lo. Ouvi. Fui pro trabalho ouvindo. Trabalhei o dia todo ouvindo-o. Voltei pra casa na Companhia de Cicero. E estou fazendo esse post ao som de “Canções de Apartamento”.

Sei que aqui a testosterona toma conta, todos são muito machos, praticamente machados humanos, não podem ver um pau em pé que querem derrubá-lo, mas...

Tive que ceder à dor-de-corno/indie/lamuriante desse disco que tem como claras referência Radiohead, Chico, Caetano, e Los Hermanos. Aliás, a lembrança do quarteto é sempre nítida e frequente.

Os arranjos minimalistas, a presença de acordeons, metalofones, violões dedilhados, marchinhas e vozes sussurradas me cativou de cara. Mas este é um cd pra parar, e ouvir. Prestar atenção nos detalhes. Sem aquela correria de ouvir enquanto atravessa a rua, ou faz um relatório pro seu chefe.

Gravado, produzido e composto SOZINHO em seu apartamento na zona sul do Rio pelo cantor de 26 anos, “Canções de Apartamento” foi considerado por muitos o melhor disco de 2011. Não é pra menos. O cara fez tudo, repito, tudo sozinho. (à exceção do acordeon e de alguns vocais) E não, este não é um disco só de guitarra, baixo, bateria e voz. Pra não falar das letras do disco. Um capítulo a parte.

Saca um trecho de uma entrevista que o cara deu pra IGhttp://jovem.ig.com.br/cultura/musica/2012-07-09/cicero-lins-a-internet-e-a-verdade-da-nossa-geracao.html

iG: No encarte e na capa do disco, mostram-se várias fotos de artistas como Tom Jobim, Chico Buarque, Kurt Cobain, Beatles e Mutantes. O que você queria dizer com isso?
Cícero Lins:
 Tentei deixar claro no meu disco que eu não estou inventando nada. Quis mostrar na capa que as coisas que eu escrevo são reflexos daquilo que eu vejo, leio ou ouço. Não tenho a pretensão de criar um estilo novo e salvar o planeta. Quis só falar que eu sou uma pessoa comum, que gravou um disco num apartamento pequeno, falando de coisas que acontecem comigo igual acontecem com todo mundo. Tenho o sonho de conseguir chegar numa estética que é só minha, mas isso é uma meta de vida, que você realiza fazendo um disco após o outro.

Boa, Cição!

Sobre o cd em si, a vontade que me dá é de falar de diversos detalhes deste álbum, como a bela frase de metalofone e as guitarras cortantes em “Cecília e os Balões”, os belos vocais e o climão Radioheadiano de “João e o Pé de Feijão”, ou outros momentos inspirados do disco, mas destaco a letra de “Açúcar ou Adoçante”, melhor música pra mim.

A alusão que ele faz com a arrumação do apartamento pós término de um relacionamento é sensacional, e o clipe foi filmado graças à um desses editais colaborativos!!! Saca só a introdução dessa música:

Entra pra ver
Como você deixou o lugar...
E o tempo que levou pra arrumar,
Aquela gaveta...

Entra pra ver,
Mas tira o sapato pra entrar...
Cuidado que eu mudei de lugar,
Algumas certezas... pra não te magoar...”

Perfeito.

Depois de viajar pros EUA e voltar atochado de equipamentos (Ahhhh, quem me dera!), Cicero resolveu usar a grana arrecadada nas festcheeeenhas que ele produz aqui no Rio pra gravar esse cd.

Após quase 200 mil downloads na marra, independente, a Deckdisc fechou com o cara e agora seu cd físico será lançado, e as fronteiras expandidas.

Toda a sorte do mundo pra esse conterrâneo que tem a minha idade e está (provavelmente) realizando o meu sonho.

4 comentários: